Vivemos, todos nós, em tempos estranhos: as pessoas mais cultas e inteligentes duvidam de si mesmas, questionam aquilo que até ontem davam como certo, fazem perguntas quando delas todas esperavam respostas.

Já aqueles menos instruídos, aqueles com horizontes mentais mais estreitos, por algum motivo estranho acham-se, muitos deles, gênios.

Acreditam esses últimos terem respostas para todas as grandes questões da ciência e filosofia, ou ao menos para a maioria delas.

Defendem ideias absurdas e há milênios já descartadas pela humanidade. E discutem com empolgação temas nos quais são completamente ignorantes com indivíduos que são, em tais temas, especialistas – para desgosto de quem realmente estudou para falar sobre o que está falando.

Os antigos gregos, há mais de 2.000 anos, já sabiam que o planeta Terra é redondo, e inclusive já haviam conseguido medir sua circunferência.

(Mais especificamente, o sábio grego Eratóstenes de Cirene, que viveu entre 276 e 194 antes de Cristo, conseguiu medir com exatidão tal dado, a circunferência de nosso planeta, quando era o responsável pela então maior biblioteca do mundo – a de Alexandria, situada onde atualmente fica o Egito.)

Mas, nos dias que correm, pessoas de parcos recursos intelectuais acreditam, e defendem com entusiasmo em canais do Youtube, que nosso planeta é plano.

A que se deve isto?

E como tal tendência contemporânea pode prejudicar uma empresa?

Vamos saber, nas linhas seguintes, a resposta para tais perguntas.

Efeito Dunning-Kruger – o flagelo dos debates intelectuais

Dá-se o nome de Efeito Dunning-Kruger ao fato de que, quanto menos uma pessoa tem conhecimento sobre algo, mais ela acredita ter conhecimento sobre tal coisa.

É claro que isto não acontece sempre.

Há pessoas ponderadas que têm consciência dos limites de sua cultura geral e/ou da cultura específica sobre determinado tema que possuem, e não tentam atravessar a linha da inconveniência e debater sobre algo que, definitivamente, não estão preparadas para debater.

Porém isto se verifica muitas vezes. Muito mais vezes do que seria razoável, a bem da verdade.

Tal tendência foi diagnosticada, medida e batizada em 1999 pelos psicólogos americanos David Dunning e Justin Kruger (daí a denominação dada de Efeito Dunning-Kruger, tirada, é claro, dos sobrenomes de ambos).

produtividade da equipe

Através dos dados de centenas de estudos sobre o tema feitos, Dunning e Kruger conseguiram determinar que, em muitas e muitas ocasiões, pessoas sem conhecimentos prévios acerca de determinados temas consideravam-se, ou ao menos agiam como, mestras em tais temas.

Isto se deve, acreditam os pesquisadores, ao fato de que, para sabermos a extensão de nossa ignorância acerca de um assunto, é preciso que conheçamos um mínimo de tal assunto.

Porém indivíduos de parca sabedoria (e nenhuma autocrítica) sabiam tão pouco (ou mesmo nada) a respeito de determinado tema que não eram capazes sequer de detectar e admitir a vastidão de sua ignorância sobre o assunto.

Pessoas assim podem causar um grande estrago em uma boa conversa.

E também um grande estrago em sua empresa.

Vamos entender, a seguir, como o efeito Dunning-Kruger pode causar grandes males no chão de fábrica, e/ou no escritório, de sua companhia.

O Dunning-Kruger sob o ponto de vista da gestão

Em um chão de fábrica, em um canteiro de obras, em um escritório, uma loja ou nos corredores de um hospital (aliás, em especial neste último caso), um colaborador ou uma colaboradora que trabalhe no modo Dunning-Kruger pode causar expressivos prejuízos.

Prejuízos no ambiente de trabalho, por exemplo.

Surge, neste ponto, a questão: como fica uma empresa onde quem não sabe coisa alguma – e justamente por não saber coisa alguma – julga que tudo sabe acerca de gestão empresarial?

E – pior – se justamente este indivíduo ocupar um posto de liderança, mesmo que de liderança intermediária (um gerente ou um supervisor) na corporação?

É evidente, aqueles que de fato entendem de administração de empresas tendem a não aceitar ordens duvidosas, ou mesmo absurdas, vindas de quem julga conhecer em profundidade um trabalho que, a bem da verdade, desconhece.

Um clima de guerra não-declarada, porém real e daninha, irá se instalar pelos corredores da corporação.

Com isso, os melhores funcionários não poderão ensinar e treinar aqueles outros, não tão bons – precisamente porque estes últimos estarão sempre se recusando a admitir as falhas de conhecimento e de cultura de gestão que carregam.

Como não aceitam o fato de que pouco ou nada sabem acerca da administração e do dia a dia de um negócio, não haverá como torná-los bons funcionários: não há como fazê-lo se, logo de cara, eles se recusam a admitir que não o são.

E existem os estragos no próprio trabalho entregue, ou nos serviços entregues, causados pela síndrome de Dunning-Kruger.

Profissionais despreparados (e que não aceitam capacitar-se, pois não se reconhecem enquanto carentes de conhecimento empresarial) farão carros, aviões, casas e roupas piores.

E também promoverão uma circulação falha de bens – ou seja, serviços falhos, gerados a partir de uma logística feita por indivíduos pouco ou nada capazes para tanto.

A síndrome de Dunning-Kruger deve ser combatida dentro e fora dos portões de uma empresa – e, no primeiro caso, cabe a você, líder de negócios, fazê-lo.

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